quinta-feira, 4 de junho de 2009

Meu maior defeito

Meu maior defeito é jamais esquecer.
Jamais esqueço o bem ou o mal que me fazem.
Jamais esquecerei o prazer que você transpareceu sentir ao saber do meu sofrimento
Jamais esquecerei a demonstração de desinteresse, exagerada.
Jamais esquecerei sua expressão de pouco caso.
De superioridade (só dentro da sua cabeça, é claro).
Você querer ser superior a mim só me faz sentir pena e, ao final, gargalhar um pouco.
É motivo para um certo espanto e risos incontidos, internos.
Quando alguém que não tem sentimentos será superior a alguém sensível e humano?
Quando a maldade superará a virtude?
Quando a escravidão será melhor que a liberdade?
Você e sua corte de fantoches de vontades alheias?
Nobreza do asfalto? Do Parque? Da Fazenda?
Você e sua corte de degredados, perseguidos, desorientados?
Nobreza traz-se dentro de cada um. Às vezes nos genes, às vezes no comportamento em relação ao próximo, ao amigo, ao irmão.
Jamais vou esquecer o cinismo mesmo, a sua enorme falta de empatia (falta de vestir os meus sapatos, que não são de salto alto).
Você e sua crença tola em amizades sinceras. Elas existem, mas são muito raras, quase milagrosas.
Orgulho-me de ser parte em algumas.
Duvido que ocorra o mesmo com você. A aparência se desgasta com os anos.
A gravidade atua e sobra apenas o real valor das pessoas.
Você e sua crença em roupas da moda, em bolsas da moda.
Você e sua crença em macaquitos de pés-no-chão.
Você e sua cobiça pelo dinheiro, pelos favores dos deuses.
Tamborileiros, chacoalhantes e vazios.
Jamais esqueço as pessoas que conheci.
Jamais esqueço os sentimentos que vivi.
Isso é bom, certas horas
Mas é doloroso, em mim, em outras.
Sou como o mercúrio líquido.
Não há como quebrar-me, definitivamente.
Sempre me reaglutino.
Sempro lembro...
Que defeito terrível.
Não sou muito equilibrado, isso acho você sabe.
Gosto de ser como sou.
Mas sofro demais por isso.
Até entendo os suicidas.
A dor causada por quem amo, admiro e respeito é terrível demais para suportar.
Desejo-lhe, por fim, que viva a Maldição dos Espelhos.
Aquele externo e aquele interno.
Transforme-se. Humanize-se.
Ainda há tempo.
Vive-se uma vida em cada átimo.
Tens muitas, ainda.
Mas são finitas, advirto.
Só lhe perdoarei se descobrir que lhe falta saúde mental mínima.
Ainda não creio na maldade extrema
Que nega o amparo, a mão, a ajuda.
Eu só queria um pouco de atenção.
Um olhar amigo. Poder trocar idéias. Desabafar. Ouvir.
Era muito?
Espero que se arrependa, um dia. E que respire o ar da liberdade também.

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