quinta-feira, 26 de junho de 2008

Por quê?
Por quê você me deixou aqui, neste corredor escuro e úmido, sem janelas, de pedra?
Você costuma freqüentar lugares assim? As pedras são frias, mas, de um modo ou de outro, são quase humanas. Elas guardam nossos segredos ocultos.
E a mente humana é fértil, quando a terra é boa. E a minha terra é das melhores. Sou capaz de transformar.
Mas sou leve, como já te disse. Não sou adepto de comportamentos pesados. Mesmo no exílio, no calabouço, continuo leve. E esperto (desculpe-me a franqueza).

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sou simples mesmo

Não sou de papel ou de lantejoulas ou de roupas de grife. Mas tenho muito mais classe que qualquer um que se veste de Armani ou Gaultier ou Dolce & Gabbana (e, não se esqueça, gosto de muitas das roupas e do estilo que eles criam).
Tenho muito mais percepção do mundo. Tenho muito mais equilíbrio. Tenho muito mais paixão.
Duvido que qualquer idiotazinho do mercado financeiro tenha um décimo da minha sensibilidade, da minha compreensão do mundo.
Duvido que qualquer um desses teus amigos saiba mais que amarrar os próprios sapatos. Para amarrar meus sapatos eles teriam de aprender ainda muito. Como muitos deles são místicos, acho que precisariam ainda muitas vidas...
A maioria dos membros da chamada classe média pequeno burguesa, quando muito, é consumidora bovina. Nada mais que isso. Não pensam. Mesmo que leiam um monte de filósofos, não sabem usar o que os olhos captam e a mente esquece.
A maioria das pessoas se contenta em viver a vida dos outros, no sentido profundo (colhem o que outros produziram). E aqui, terra de imigrantes analfabetos, ex-escravos ainda mais analfabetos, povos autóctones mais analfabetos ainda, estamos quase todos nós no início da caminhada rumo ao conhecimento (mas só alguns, como nós (como eu?)).
E boa parte da chamada "inteligentsia" só escreve besteira. Ficam a divagar sobre a existência de Deus ou a idéia da morte, mas, se pudessem, meteriam a mão no dinheiro sujo do mundo e comprariam um monte de ouro e porcarias materiais para ficarem a olhar.
Amigos, quase não existem. Ilusão de quem crê na amizade sincera e farta.
Não sendo politicamente correto, sou muito mais denso e completo que qualquer fazedor de bloguinhos de quinta categoria.
Mas comprar lixo americano eles sabem, tenho certeza. E viajar, e consumir a música da moda e se exibir, ah, isso eles sabem.
Eu já prefiro sentir a música. Viajar com ela.
Aparência não é tudo, você logo logo vai descobrir. Beleza é bom de se ver, mas não dura muito.
Amizada sincera é dar e não querer nada em troca. A maioria das pessoas não sabe fazer isso.
Sabem trocar, mas não sabem ser elas mesmas e viver, simplesmente viver...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hoje te vi

Tão prestes a explodir. Parecias vidro tensionado, senti que a qualquer instante poderias estilhaçar-se em mil pedaços pontiagudos.
Quanta inquietação. Quanto desassossego. Transparece.
É, Esfinge, não há ninguém como eu, para que compartilhes idéias e sentimentos. Ninguém que faça isso e não te peças nada em troca. Que seja apenas ouvidos.
Tu és pedra preciosa, mal lapidada. Se te permitisses, se baixasses a couraça, serias mais feliz.
E como te vestes bem! Tuas roupas são perfeitas. Parabéns!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Continuo

Sei lá. Só sei que continuo triste e desapontado. Deprimido mesmo.
Eu pensei que havia te decifrado. Mas agora já não tenho mais tanta certeza.
Acho que aqueles místicos, amigos teus, falaram que devias sair de perto de mim.
Mas eles estão errados. Eu não faço mal. Só faço pensar, só faço convidar à liberdade.
Sim, pois a liberdade é a única garantia de que estamos vivos, de que somos únicos.
Tu continuas tão meiga. Não há como negar isso, faz parte de ti. E tão bela. Dói a vista.
Larga mão do misticismo. Os místicos são doutores em coisas que não existem. Não fazem o mundo.
Makthub não é para pessoas evoluídas. Pessoas evoluídas fazem acontecer. Não são parte da história, não são figurantes. São a história.
Sentir e compartilhar. A vida é feita disso. Ah, e de alguns desafios que trazem sensações. Vou te mostrar do que estou a falar. Tu vais conhecer-me um pouco mais, mesmo que de longe.
Até logo. Com carinho.
E eu queria apenas ser teu amigo. Nada mais.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Amor é fogo que arde sem se ver


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luiz Vaz de C. (grande poeta, grande conhecedor das cousas da vida e do amor).
Nada muda nesse mundo, só transforma-se em nada, de novo.
MAKTHUB?
Nada muda, o tempo só dá voltas,
E a vida é caminhar por aí,
É cair num poço sem fim,
é labirinto sem saída.
É calor, é frio, é dor
é noite mal dormida
é canção mal ouvida
é a mão abandonada, é o amigo que se foi,
porque não suportou olhar...
Pior frio é o frio na alma,
daquelas que se escondem,
que se sentem duras, rochas,
que não se dão, não se emprestam,
fingem a força que não têm.
Fingem não sentir, não amar
E seguem por aí, abandonadas
Sem eco, sem a mão amiga que ampara,
Sem mosquetão para subir a dura encosta,
Seguem e não têm com quem falar
Apenas a ruminar...
Makhtub!!!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Olhar de Poeta

Ao alvorecer, o mundo vê a luz
O poeta, vê a esperança,
Ao ver o exército marchando sobre o inimigo
O mundo vê o herói,
O poeta, vê a criança
Em cada rosto, do soldado ao general
Do prisioneiro ao cadáver que jaz na trincheira
Despedaçado pela granada
E pensa nas mães sem filhos,
Nos filhos sem pais
Na terra arrasada, abandonada, faminta, na destruição, na dor

Ao ver a serra, ao longe
O poeta sente o frescor na face
E imagina as flores, os pássaros, os perfumes
Os sons delicados,
As abelhas, as borboletas, os vagalumes na escuridão

Ao ver outro poeta
Os corações de poeta
Batem em compasso, em uníssono
E em harmonia criam poesia
Num simples olhar, num simples falar
E servem-se do banquete
Da vida, do amor.

Andrade Diniz

Idade Média, outra vez?

Não suporto mais tantas pessoas que estão a viver na Idade Média.
São amigos, parentes, conhecidos. Nos julgam e, se pudessem, estaríamos nas fogueiras, como bruxos.
Acordem, abandonem o obscurantismo! Vejam a luz que inunda o mundo!! Mas advirto: ver dói!

Makhtub? É uma mera desculpa para nossas decisões, certas ou erradas. Tolice.

A vida é simples, triste e bela! Mas lembrem-se, somos um milagre único da natureza (milagre laico) , possibilidade impossível de estar aqui, abrir os olhos (e nem sempre ver), sentir e cheirar os perfumes todos, até arriscar a entender das coisas e das gentes.

Beijos a todos.

Falando comigo mesmo

Se não me ouvem, é melhor falar comigo mesmo. Com uma parte de mim que se torne minha interlocutora.
Loucura ou normalidade? Normalidade, acho que isso não existe, é invenção de tolos.